Alcançar mudanças estruturais, de gestão e de condução política do País é muito mais difícil do que se pode imaginar. Não passa unicamente pela eleição de um novo presidente e sim de renovação substancial do Congresso que é verdadeiramente quem manda nos destinos do Brasil. Essa é a síntese da apresentação do cientista político e advogado Marcelo Navarro, feita na noite de quinta-feira durante encontro empresarial da Associação Comercial e Industrial de Cascavel.
Navarro foi convidado pela diretoria da Acic para falar sobre Panorama da política contemporânea brasileira. Para chegar ao ponto nevrálgico de sua exposição, o cientista fez uma recuperação história de momentos que contribuíram para definir o perfil social, econômico e político do País. Ele deu algumas definições de política, que é a ciência do governo dos povos e um mecanismo de orientação de administração de um estado. E o poder, por sua vez, está ligado à ideia de posse dos meios para se obter vantagem de um homem sobre outros.
O poder político, entretanto, ocorre em sua forma mais abrangente quando há conexão do conceito com a prática de Estado. Os estados absolutos da antiguidade enfrentaram a descentralização política a partir da idade média. E na era moderna surgem o estado-nação, o mercantilismo e o contratualismo. No estado moderno, há capitalismo, liberdade, igualdade e democracia. São alterações históricas que mudaram a forma de as pessoas se relacionarem entre elas e com o estado.
O professor também deu informações sobre a formação política, social e econômica do Brasil, desde o período colonial. Citou a República Velha (1889-1930), Era Vargas (1930/1945), República Paulista (1945/1964) e Ditadura Militar (1964/1985). Outro momento importante foi a elaboração da Constituição de 1988 que, segundo Marcelo Navarro, é uma das mais prolixas do mundo, basicamente focada em direitos que tornam o estado ainda maior e ineficiente.
Perfil do eleitor
Atualmente, o Brasil tem 147.302.354 eleitores, desses 52,3% (77.045.387) são mulheres, e 47,31% (69.692.839) homens. As três faixas etárias com o maior número de eleitores estão entre os 35 a 39 anos, 30 a 34 e 25 a 29. Quarenta por cento deles têm o ensino médio completo ou incompleto. Outros 26% têm o ensino fundamental incompleto. Pesquisa recente indica que 70% deles acreditam que uma eleição pode mudar o Brasil, no entanto mais da metade se diz especialmente pessimista em relação ao pleito de 2018.
Os principais motivos do pessimismo são, segundo Navarro, a corrupção, a crise de confiança nos políticos e no governo, o fato de não se apresentarem bons candidatos e a repetição dos mesmos nomes de sempre. Outro dado interessante, conforme o cientista político, diz respeito ao fato de 56% dos eleitores não terem interesse em comparecer às urnas, mas irão em função de o voto ainda ser obrigatório. Sessenta e um por cento dizem que vão prestar muita atenção nos candidatos e para 72% o tema emprego deverá ser o mais determinante entre as propostas apresentadas.
Quase a metade do total de eleitores, 70 milhões, afirma estar indecisa em quem votar para presidente. Diante disso, observa Navarro, o vencedor da disputa presidencial será aquele que, com inteligência e bom-senso, souber atrair a maior fatia desses eleitores. O cientista político citou também sobre os maiores problemas nacionais que, na opinião dele, residem em um modelo injusto, distorcido e no qual a burocracia e os excessos legais praticamente aniquilam o empreendedorismo. As sérias perdas que o País teve nos últimos anos só serão compensadas com mudanças sérias no Congresso e com a eleição de alguém que contribua para a modernização e tornar o estado mais rápido e eficiente.