Pouco mais de um mês após sancionar o que chamou de pacote de austeridade, um conjunto de medidas que incluiu aumento de impostos e mudanças no regime da previdência, o governador Beto Richa (PSDB) voltou a pedir ontem um esforço concentrado para cortar despesas. Desta vez, porém, o foco deve ser a própria estrutura da administração, isto é, cargos comissionados, temporários e gratificações. O anúncio aconteceu durante a primeira reunião do novo secretariado, realizada no Gabinete de Gestão Integrada, no Palácio Iguaçu. O objetivo do Executivo é economizar em torno de R$ 1 bilhão nos gastos de custeio ao longo de 2015.
Segundo o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra (PSD), hoje, dos R$ 50 bilhões que compõem o orçamento anual, sobram apenas R$ 3 bilhões para investimentos. Com os ajustes, espera-se aumentar esse número para R$ 5 bilhões. Ele reiterou que todos os Estados brasileiros têm encontrado dificuldade em obter recursos. “Muitas receitas previstas não serão efetivadas pela queda de arrecadação e pela queda do movimento econômico. O Paraná não é diferente, não é uma ilha”, afirmou.
Embora Sciarra não tenha detalhado que medidas serão efetivamente tomadas, o certo é que o alvo principal será a folha de pagamento. “O ajuste fiscal tem algumas vertentes, como benefícios já incorporados à realidade do funcionalismo e que têm dispositivo legal definindo isso. Da mesma forma, o custeio da máquina está sendo alvo de uma análise profunda, para que a gente possa tomar medidas administrativas e ter o sucesso que nós esperamos”, disse. O chefe da pasta não soube informar qual o custo mensal da folha, nem quis estipular um prazo para concluir o “aperto”. “Imaginamos que de seis meses a um ano nós conseguiremos resolver essa questão.”
Assim como ocorreu com o “tarifaço”, as regras devem ser planejadas em comum acordo com o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, escolhido justamente devido ao perfil mais “austero”. Em seguida, as mensagens serão enviadas à Assembleia Legislativa (AL) do Estado, cujos trabalhos em plenário recomeçam no dia 1º de fevereiro. A ideia é também promover reuniões mensais, com as participações dos 23 secretários e dos presidentes de autarquias, fundações e empresas estatais. “Quero dizer que nós nomeamos um número básico de cargos em comissão para começar a tocar a máquina e agora estamos segurando, até pela necessidade de dar uma contribuição nesse momento”, completou Sciarra.
Fonte: Folha de Londrina