A Lei Estadual 15.825/08 considera Palmas, Clevelândia, Mangueirinha, Honório Serpa e Coronel Domingos Soares como integrantes da Mesorregião do Sudoeste, totalizando em 42 municípios (Foto: Ilustração/Diário do Sudoeste)
Palmas, Clevelândia, Mangueirinha, Honório Serpa e Coronel Domingos Soares não integram oficialmente a Mesorregião do Sudoeste do Paraná, algo que preocupa a direção do Instituto Regional de Desenvolvimento Econômico e Social (Irdes). Tanto que providenciou envio de ofício pedindo providências e modificações às direções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ao Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Segundo Cláudio Petrycoski, presidente do Irdes, a exclusão dos mapas da Mesorregião “é uma constatação antiga que, inclusive na presidência da Agência de Desenvolvimento do Sudoeste, buscamos o apoio de alguns dos municípios acima, que têm como cidade-base Guarapuava e lideranças, não obtendo o respaldo que seria necessário para a transformação acontecer onde interessa: no IBGE”.
Ele conta que, em 2007, foram encaminhados ofícios evidenciando o problema para o então deputado estadual, Nereu Moura; ao presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus; e ao presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste Paranaense (Amsop), Élson Munaretto. “Contamos com a participação e apoio de lideranças como Roberto Pecoits (Fiep); Edson Luiz Campagnolo (Sinvespar); Célio Bonetti (Agência de Desenvolvimento do Sudoeste); Frederico Araújo (Fórum de Desenvolvimento de Pato Branco, hoje Irdes); Joailson Agostinho (Sebrae); João Penso (Cacispar) e Valter Trojan (Sindimetal Sudoeste). Realizamos encontro inclusive com o prefeito de Palmas, na época, João Oliveira, que acabou respaldando a iniciativa. O documento das lideranças enviado teve por objetivo agradecer aos envolvidos pela importante aprovação do Projeto de Lei de autoria do deputado estadual Nereu Moura, que buscava corrigir o equívoco que deixa fora dos mapas da mesorregião do Sudoeste Paranaense os municípios de Palmas, Clevelândia, Mangueirinha, Honório Serpa e Coronel Domingos Soares, algo que referenciaria o Ipardes. A iniciativa Moura resultou na criação da Lei Estadual 15.825/08 que considera os cinco municípios como integrantes da Mesorregião do Sudoeste, sancionada pelo governador Roberto Requião”.
Parecia, conta Petrycoski, que com a lei estadual ficou tudo certo. Mas não foi bem assim. “O próprio Ipardes difundiu, em 2010, mapas com a distorção. E as pesquisas via Internet mostram que a predominância é a visão errada da constituição da Mesorregião do Sudoeste Paranaense, em seus cinco municípios. E basta você realizar pesquisas e perceberá que a distorção persiste”.
O presidente do Irdes gera reflexões e pergunta: “Onde esta exclusão poderá impactar? Nas políticas públicas e consequentemente destinação de recursos beneficiando a Mesorregião Centro-Sul, liderada por Guarapuava, que pouco tem no relacionamento econômico e social com Palmas, Clevelândia, Mangueirinha, Honório Serpa e Coronel Domingos Soares. Talvez pelo sentimento bairrista, lideranças de alguns municípios nem se importaram com a exclusão e até, oportunamente, buscando popularidade mencionaram algo praticamente impossível: a criação de outra Mesorregião deles, algo que, obviamente, não se materializou. Muito pelo contrário: os cinco municípios estão num extremo do mapa da Mesorregião Centro-Sul e muito provavelmente serão pouco lembrados pelas lideranças dos municípios mais influentes”.
Ele alerta e pede a atenção das lideranças políticas ressaltando que “sem estar no Sudoeste os cinco municípios e a Mesorregião tendem a não receber, proporcionalmente, os recursos originários de onde há maior distribuição de dinheiro: Brasília. Os burocratas e gestores de projetos da capital federal não têm bola de cristal para corrigirem nos estudos de distribuição financeira e das políticas públicas esta distorção preocupante provocada pelo IBGE. Não compreendemos a delimitação efetuada e seus interesses. O burocrata, de Brasília, na hora de definir terá cinco municípios a mais para os cálculos na região de Guarapuava, não a nossa”.
Não é difícil se deparar com soluções para os cinco municípios concentrados em Guarapuava, com deslocamentos de até 265 quilômetros à população, quando 80 a 150 seriam suficientes. Petrycoski volta a questionar: “Quem paga o preço de tamanha irresponsabilidade? A população de um ou outra forma! Temos deputados federais e lideranças para quê? No passado direcionamos pessoalmente esforços para mudar o contexto. Os municípios continuaram pertencendo à Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), mas aquela delimitação falha do IBGE persiste e não temos pessoas onipresentes para dizer que houve um imenso equívoco; inclusive para quem pesquisa nas redes sociais”.
Palmas e Clevelândia foram municípios que se formaram inicialmente, enfrentando violência e desafios gigantescos dando origem ao Sudoeste. E não pertencem oficialmente, segundo o IBGE e possivelmente o Ipardes, mais à região.
Entidades e órgãos prestadores de serviços relevantes, tendo por base mapas territoriais do IBGE, correm riscos, também, a deixar os cinco municípios vinculados à Guarapuava o que, logisticamente, mostra-se desastroso e sem o mínimo de lógica, explica Petrycoski. Aliás, explica Petrycoski, “em todos os aspectos neste caso o ilógico persiste. Talvez haja a lógica para quem delineou o mapa ou foi influenciado para tal. Cabe aos prefeitos dos cinco municípios, às demais lideranças e aos deputados primeiramente terem o interesse em corrigir a distorção que mais cedo ou mais tarde afetará nosso povo. Se já não afetou”.