O agronegócio será mais uma vez o puxador da recuperação do País

O diretor da Frimesa, vice-presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento e vice-presidente de Agronegócio da Caciopar, Elias Zydek, participou como convidado especial da reunião de diretoria da Caciopar na manhã desta terça-feira. Elias apresentou um panorama detalhado sobre a situação do agronegócio e, apesar da instabilidade e das incertezas que cercam o Brasil e a séria crise provocada pelo coronavírus, ele apresentou algumas informações importantes: de que o PIB da região Oeste em 2020 não deverá ser negativo e que o agronegócio, como ocorreu em outras situações semelhantes, será novamente o indutor da retomada econômica do Estado e do País.
O Brasil acaba de colher a sua maior safra de grãos, com mais de 250 milhões de toneladas, e experimenta um pico de exportações, principalmente de soja. O estoque de milho tranquiliza o mercado interno e o câmbio favorece as commodities. O clima traz preocupações pontuais à safrinha de milho, todavia os portos estão em ritmo acelerado e o transporte flui bem. Uma situação em particular chama atenção, conforme Zydek: com preços bons, pelo menos 85% da safra já foi liquidada. A falta de chuva liga o sinal de alerta, mas a tendência é de os preços dos principais cereais ficar estabilizados.
O vice-presidente do POD falou do mercado de carnes e do impacto que problemas sanitários ainda trazem à China, que precisou reduzir o seu plantel suíno em 30%. O coronavírus paralisou os portos da Ásia no início do ano, mas agora a situação está praticamente normalizada. O preço das proteínas está cerca de 15% acima da média histórica, mas o consumo está caindo. No mercado interno, o recuo chega a 12% no quadrimestre. “Houve aumento histórico de demanda em março, todavia com a queda do poder aquisitivo em abril há retração”, segundo Elias Zydek.
A estimativa de crescimento da produção das carnes de suínos (4%), de frango (2%) e de bovinos (3,5%) deve se manter, resultado do crescimento das exportações respectivamente de 14%, 4% e 10%. A China responde por 50% do consumo mundial de carnes, e ela retomou a demanda no mês passado e isso deve manter o mercado aquecido. Conforme Zydek, a disputa comercial entre China e Estados Unidos pode abrir novos espaços ao Brasil, que também pode ser favorecido diante do crescente debate e interesse mundial pelas questões ligadas à sanidade.
 
Região
A pandemia traz consequências e exige novas posturas de empresas dos mais diferentes setores, inclusive das de alimentos como as cooperativas. A adoção de cuidados extras de prevenção à saúde e o afastamento de cerca de 8% do pessoal, que integram o grupo de risco, estão entre as medidas adotadas pelas cooperativas, que empregam cerca de 40 mil pessoas no Oeste do Paraná e respondem pela metade do PIB que deverá ficar na casa de R$ 45 bilhões em 2020.
As exportações das cooperativas agroindustriais cresceram em razão da valorização do dólar, porém há situações que precisam ser cuidadosamente administradas. Entre elas estão a elevação de custos com a adoção de medidas sanitárias adicionais, aumento da inadimplência e da renegociação de contratos. A queda no consumo interno de proteínas ocorre também devido ao fechamento de alguns canais de consumo, principalmente restaurantes e hotéis. A cadeia do leite encontra dificuldades, com diminuição no consumo. Há ainda retração na oferta de recursos financeiros, pontuou Zydek.
 
Macroeconomia
As crises sanitária com o coronavírus, política com a instabilidade entre os poderes e econômica, em função das medidas de isolamento e restrição, criam o que o diretor da Frimesa chama de tempestade perfeita. Ele lembrou que o PIB brasileiro em 2019 foi R$ 7,3 trilhões e que deverá recuar em 2020. Ele citou que a previsão de déficit para o ano deverá ser de R$ 620 bilhões ou 8,5% do PIB, e que todos os brasileiros vão ajudar a pagar essa conta. “Nosso maior problema é fiscal (desequilíbrio entre receita e despesa), por sua vez a área monetária vai bem com Selic e inflação baixas e sob controle”. O câmbio livre, de outro lado, faz bem às exportações.
Elias Zydek disse acreditar que a crise, diante do cenário brasileiro e mundial, tende a se agravar e que as reformas tão cobradas são indispensáveis para minimizar as consequências internamente. No entanto, alertou, o cenário não é otimista para que elas aconteçam. A chave de tudo isso, cravou, é a prudência. A expectativa é que a pandemia, no Oeste, esteja superada em setembro e que o agronegócio, como tem acontecido nas últimas décadas, seja o grande puxador da retomada econômica.

O presidente da Caciopar, Alci Rotta Júnior, conduziu os trabalhos da videoconferência desta terça-feira. Ele informou que a Coordenadoria enviou aos governos carta pedindo o enxugamento da máquina pública e a modernização dela por meio de recursos tecnológicos. Os diretores também conversaram sobre sugestão de criação de uma plataforma que valorize e fortaleça o comércio regional.
 

 

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