No Glossário do Empreendedor, saiba o que é Squad, método utilizado pela Vivo Digital Labs, que consiste em organizar times de funcionários de diferentes áreas para resolver problemas com agilidade
Na zona sul de São Paulo, entre diversos imponentes prédios corporativos, há um que abriga um andar com quatorze salas sem porta. Em algumas paredes, com pintura similar ao de lousa escolar, existem desenhos feitos a mão. Numa das paredes se lê Kill Bill (nome de um filme do cineasta americano Quentin Tarantino).
Parece coisa de startup, não é? Quase.
Estamos falando da sede da Vivo Digital Labs, centro de desenvolvimento e inovação da operadora de telefonia.
A iniciativa tem como objetivo dar maior agilidade no desenvolvimento dos canais digitais da Vivo, que atendem cerca de 75 milhões de clientes. A empresa espera melhorar a satisfação do cliente e reduzir custos de atendimento.
Para dar conta da demanda, os processos e equipes da Vivo Digital Labs atuam de uma maneira similar à de empresas emergentes de tecnologia.
As salas sem parede abrigam os Squads, times de trabalho que reúnem profissionais de diferentes áreas da empresa, com competências multidisciplinares.
Essas pequenas equipes (quase que um esquadrão, daí o nome), atuam em ciclos curtos de desenvolvimento e aprendizado.
Os quatorze Squads da Vivo são focados em criar e melhorar recursos dos canais digitais da empresa. Cada um toca um projeto especifico, que pode ser uma funcionalidade do aplicativo Meu Vivo ou do serviço de streaming da empresa.
A cada projeto finalizado, os squads são dissolvidos e novos são criados. Lembra do Kill Bill? Era o nome de um dos squads.
Os squads sempre integram profissionais de diversas áreas, como marketing, TI, finanças e vendas. E esse é uma de suas características principais.
Assim como uma orquestra, em que cada integrante tem um conhecimento único que, quando somado aos dos outros, cria uma sinfonia, o squad une profissionais com expertise e formação díspares para superar desafios de negócios.
Outra característica de um squad é a autonomia para desenvolver todos os aspectos da solução: concepção, design, prototipagem, desenvolvimento e implementação.
Na Vivo, a estrutura do squad é composta por um Product Owner, o responsável por trazer a visão do negócio. Há também o Scrum Master, que é quem desenha a estratégia, definindo prazos e tarefas. Outro profissional é o Analista Funcional, que tem a missão de traduzir a linguagem de negócios para uma visão tecnológica.
Ano passado, a Vivo lançou, por exemplo, o Vivo Bem, aplicativo de serviço de agendamento médicos privados.
O app disponibiliza uma rede de mais de 6 mil clínicas e laboratórios, em mais de 500 cidades do Brasil. É possível realizar mais de 4 mil procedimentos com possibilidade de descontos, entre exames, consultas e procedimentos estético.
Neste ano, um foco da empresa diz respeito a soluções digitais de Internet das Coisas para o consumidor final. A ideia é conectar, cada vez mais, máquinas e equipamentos residências e automóveis.
INOVAÇÃO
Segundo uma pesquisa do instituto americano Forrester Research, times ágeis (squads) são 36% mais produtivos que times tradicionais.
Por sua vez, metodologias ágeis – aquelas que são utilizadas nos squads – incrementam em 20% o engajamento dos times e aumentam em 47% o envolvimento das áreas de negócios.
SPOTIFY: CRIOU O CONCEITO DE SQUAD AO DIVIDIR AS EQUIPES
EM QUE ATUAVAM COMO STARTUPS INDEPENDENTES
A consultoria paulistana Taking é especializada em auxiliar empresas a implementar squads e metodologias ágeis.
A Ambev é uma das clientes da consultoria. Na cervejaria, a Taking apoiou o desenvolvimento de squads de 9 a 12 pessoas.
Os times atuam adotando metodologias como Scrum, para gestão dinâmica de projetos; Kanban, que visa aumentar a eficiência na produção e distribuição; e Lean, voltado a melhorias de processos e prevenção de desperdícios.
Squads e metodologias ágeis são praticamente unha e carne – e um não funciona sem o outro. Juntos, eles permitem que a capacidade de inovação aumente.
A multifuncionalidade e o trabalho em ciclos curtos, visando a solução de um problema, faz com que os integrantes do squad tenham autonomia e flexibilidade para tomar decisões que driblam as burocracias internas da empresa – um dos gargalos para inovação.
A baixa hierarquização dentro do squad também fomenta a senso de responsabilidade e espirito de dono nos integrantes
Com os profissionais estão em constante contato com os clientes, eles também têm maior facilidade para identificar demandas de mercado.
Esse cenário é bastante diferente de diretrizes de negócios verticais, que nascem na diretoria e precisam ser desenvolvidas por funcionários de funções táticas ou operacionais.
ORIGEM
A organização de squads tem origem na sueca Spotify, fundada em 2009. Logo nos primeiros anos, a então startup de streaming de música passou a ter problemas típicos de negócios que começam a crescer rapidamente.
Havia recorrentes ajustes no produto e constantes crescimento no quadro de funcionário. O resultado era falta de sinergia nas diferentes áreas do negócio, que acarretava em lentidão em toda a empresa.
Em 2012, a equipe de engenharia da empresa criou o objetivo de manter o crescimento, mas sem perder a agilidade.
Os funcionários, então, foram divididos em pequenos núcleos, que passaram a atuar como startups internas. Cada núcleo era dedicado a um projeto especifico, com autonomia para desenvolver soluções e testá-las com os consumidores.
Seis anos depois, a empresa abriu o capital na Bolsa de Nova York e foi avaliada em US$ 25 bilhões.