A pandemia mundial do novo coronavírus (covid-19) provocou uma expressiva, e esperada, recessão na economia mundial, afetando até mesmo grandes potências como Estados Unidos e Japão, que apresentaram quedas de 9,5% e 7,8% no Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil o cenário não foi diferente e, no segundo trimestre de 2020, tivemos uma retração recorde de 9,7%, o que nos levou para uma recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de diminuição do PIB.
O rápido alastramento do novo coronavírus exigiu a adoção de medidas de confinamento, que naturalmente levaram a uma diminuição de consumo das famílias (no Brasil esse recuo foi de 12,5% no segundo trimestre de 2020, de acordo com dados do IBGE). Com uma economia em retração, setores como a Indústria e Serviço apresentaram quedas de 12,3% e 9,7%, números expressivos que levaram ao fechamento de empresas e aumento no desemprego, que atualmente alcança a marca de 13,1% em nosso país.
A pandemia também causou um estranho efeito na inflação do país que, embora não apresente índices acima da meta de 4% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, tem causado uma clara a sensação de que tudo está mais caro. Isso acontece porque alguns setores, como a alimentação, apresentaram alta substancial (aproximadamente 20%), enquanto outros, como vestuário, tiveram queda, fazendo com que a media da inflação ficasse estável. Porém, devido às ações de prevenção a pandemia do coronavírus, estamos consumindo mais daquilo que ficou caro e utilizando menos o que ficou mais barato.
É inegável que a recuperação plena da economia mundial está diretamente ligada à criação de vacinas efetivas para combater o novo coronavírus, porém apenas isso não será o suficiente. Cada país possui suas próprias características e irão aquecer suas economias em velocidades diferentes.
No Brasil essa recuperação passará, necessariamente, por três vetores: nossa agricultura, que é referência mundial e um dos principais pilares econômicos do Paraná; novos formatos de tributação, financiamentos e ampliação de créditos para auxiliar o setor produtivo e de serviços; e promoção de políticas sociais fortes, que ajudem as famílias e permitam condições para capacitação e reintegração ao mercado de trabalho.
Como presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa, tenho trabalho em conjunto com a iniciativa privada, terceiro setor e sociedade civil no desenvolvimento e promoção de iniciativas que ofereçam suporte para superar esse momento de pandemia e proteger o empreendedorismo em nosso país. Isso inclui medidas que vão desde benefícios fiscais até propostas para taxas antidumping para importações.
As medidas emergenciais de transferência de renda e crédito a empresas tomadas pelo Governo Federal, estados e municípios tem contribuído para amenizar o efeito da crise provocada pela pandemia e nos dão um sinal que é possível alcançarmos uma recuperação econômica em um prazo mais curto, garantindo assim melhores condições para a geração de emprego e diminuição do endividamento das famílias.
Vivemos um cenário único em nossa história e cabe a todas as esferas do poder público ter compromisso e seriedade ao lidar com essa situação, assumindo um papel protagonista no desenvolvimento e auxílio de programas e legislações que ajudem a impulsionar a nossa economia de maneira planejada e com metas objetivas para que, gradualmente, possamos estabilizar a nossa economia e retornar ao caminho do desenvolvimento social.
Paulo Litro é deputado estadual, presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná