*Artigo do presidente Guido Bresolin Junior publicado na Gazeta do Povo do dia 23/06/15
O setor produtivo vem passando por grandes mudanças. A crise que assola todos os setores é um momento de reflexão sobre como é possível reverter o quadro atual para que possamos voltar a prosperar e ter uma vida com mais qualidade, desenvolvendo, assim, um Brasil mais competitivo.
Para o movimento de Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, a situação política e econômica, tal como se encontra no estado e no país, com o aumento das taxas de juros, da energia elétrica, com as greves de servidores, desvalorização da moeda e o inchaço da máquina pública, não traz benefícios a ninguém; muito pelo contrário, pois somos todos chamados a pagar uma conta alta demais. Sem os devidos estímulos, garantias e reformas, há o enfraquecimento dos setores econômicos, a redução dos índices de produtividade, o sucateamento generalizado, o desemprego, a queda da arrecadação de impostos e o empobrecimento, dentro de um círculo vicioso de perdas. No estado, segundo dados oficiais, houve crescimento de 10% na arrecadação e redução de 2% nas despesas – ou seja, é a sociedade quem está arcando com os prejuízos por meio do aumento de tributos.
Para o setor produtivo, é vital que os gestores públicos façam os cortes e ajustes necessários na máquina pública, assim como temos de fazê-los em nossas empresas e famílias. É necessário que o cidadão saiba o tamanho do Estado que ele quer, para evitar o empobrecimento do Brasil.
Mas uma crise deve ser vista, acima de tudo, como uma oportunidade na qual todos somos chamados a mudar, a rever métodos para que o foco de nossas ações seja o resultado. A classe empresarial está disposta a realizar um pacto pela retomada do crescimento com os governos estadual, federal e a sociedade civil organizada, a fim de fazer todos os ajustes necessários para a consolidação de um país com empresas competitivas, com remunerações e benefícios justos e com o pagamento de uma carga tributária adequada à realidade. Porém, exige uma contrapartida justa, coerente e equilibrada por parte dos líderes públicos.
Não podemos continuar tratando os sérios problemas da mesma forma. A sugestão do “Pacto pelo Emprego”, que propõe a manutenção de empregos no estado e vem sendo debatida nos últimos dias, por exemplo, vem ao encontro do que buscamos para o desenvolvimento, pois apenas funcionará a partir da união do setor produtivo com o governo.
O Brasil e os brasileiros têm virtudes e talentos que não podem ser desperdiçados e ignorados em nome de projetos efêmeros e que não garantam as respostas de que o país verdadeiramente precisa. A construção de uma nação, no nome e na essência, passa pelo trabalho e pela humildade em reconhecer que essa tarefa só será executada com êxito se tiver o dedicado envolvimento de todos. As circunstâncias nos oferecem, mais uma vez, uma grande oportunidade para acertar e ela não pode, de modo algum, ser desperdiçada. Afinal, historicamente, já sabemos quais são as consequências dos vários planos anti-inflacionários já aplicados em nosso país, como na década perdida dos anos 1980.
É da dificuldade que surgem as grandes ideias e os projetos transformadores. Em vez de procurar culpados e de fomentar disputas sem vencedores, a hora se mostra ideal para a reflexão coesa, isenta e que coloque as verdadeiras necessidades nacionais como prioridade. O diálogo e o bom senso devem prevalecer, independentemente de ideologia política e do poder público, para que as soluções para esta crise sejam eficientes e duradouras. Dessa forma, evita-se que o cidadão perca suas conquistas realizadas ao longo dos últimos anos.
Por fim, que valores positivos como a ética, a transparência, o respeito, a justiça e a responsabilidade prevaleçam nas relações com os outros para o desenvolvimento do nosso estado e do nosso país.