O ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, apresentou nesta sexta-feira (21), na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), os resultados do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) do trecho da ferrovia Norte-Sul entre Panorama (SP) e Rio Grande (RS). Com orçamento preliminar estimado em R$ 20 bilhões, o empreendimento passaria por 31 municípios do Paraná, facilitando o transporte de cargas de algumas das principais regiões produtoras do Estado.
Segundo o ministro, o estudo é o primeiro passo para a concretização da ferrovia. Porém, ainda não existe um cronograma definido para a realização da obra. A próxima etapa será o lançamento de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para verificar se há no mercado investidores dispostos a entrar no empreendimento. “Vamos lançar possivelmente neste segundo semestre uma PMI e ver quem tem interesse nessa concessão”, disse Antonio Carlos Rodrigues. “Este é o momento de procurar os investidores, que podem ser até investidores internacionais”, acrescentou o ministro.
Para o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, é necessário, a partir de agora, que todas as esferas da sociedade se mobilizem para a concretização desse empreendimento. “A ferrovia é um modal altamente importante para reduzir custos de transporte e aumentar a competitividade do setor produtivo paranaense e brasileiro. Mais do que o traçado exato por onde a ferrovia vai passar, a Fiep defende que tenhamos uma ferrovia cortando o país de Norte a Sul e que o Paraná seja contemplado da melhor forma possível”, disse.
Questionado se acredita que o empreendimento atrairá investidores mesmo com o alto custo estimado, Campagnolo disse que o potencial de transporte de cargas das regiões por onde a ferrovia passará justificam o investimento. “Qualquer investidor vai perceber que essa ferrovia é uma grande oportunidade por ser altamente viável”, declarou.
A reunião na Fiep teve a participação de lideranças empresariais de todas as regiões do Paraná, prefeitos de municípios por onde a ferrovia deve passar e representantes de empresas ligadas à área de logística. Também estiveram presentes deputados federais e estaduais, a senadora Gleisi Hoffmann e a vice-governadora Cida Borghetti.
Sobre a ferrovia
A ferrovia Norte-Sul é um grande projeto de integração nacional, que tem como objetivo interligar áreas produtoras de diferentes regiões do país. O traçado previsto vai de Barcarena (PA) até Rio Grande (RS). Alguns dos trechos já estão construídos ou em construção, outros em fase final de estudos. Esse é o caso do trecho que abrange a Região Sul, cujo EVTEA foi apresentado pelo ministro Antonio Carlos Rodrigues em Curitiba, nesta sexta. Ele está dividido em dois lotes: entre Panorama (SP) e Chapecó (SC), cruzando todo o Paraná, com extensão prevista de 952,4 quilômetros; e entre Chapecó e Rio Grande, com mais 832,9 quilômetros.
O orçamento total estimado para o empreendimento supera a casa dos R$ 20 bilhões, incluídos custos para elaboração de projetos executivos, desapropriações e aquisições de terras, terraplanagens, construções e aquisição de equipamentos ferroviários, entre outros itens. Seriam R$ 12,3 bilhões para o trecho Panorama-Chapecó e mais R$ 8,7 bilhões entre Chapecó e Rio Grande. “Com certeza é um investimento muito grande e vamos precisar de uma parceria da iniciativa privada, porque com certeza é uma ferrovia muito importante não só para o Sul, mas para todo o Brasil”, disse Mário Rodrigues Júnior, diretor-presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, empresa estatal ligada ao Ministério dos Transportes que realizou o EVTEA.
O estudo mostra ainda os impactos socioeconômicos que a ferrovia trará. O estudo estima que, ao longo de toda a obra, será criado um total de quase 600 mil empregos diretos e indiretos nos dois lotes, gerando uma renda de R$ 430 milhões ao ano. A expectativa é que a implantação da ferrovia cause uma redução de quase R$ 1 bilhão nos custos de transportes anuais apenas no trecho Panorama-Chapecó.
Traçado
No Paraná, pelo traçado preliminar proposto no EVTEA, a ferrovia passaria por 31 municípios, sendo que quatro deles foram considerados polos de carga: Maringá, Campo Mourão, Cascavel e Pato Branco. Para a definição desse “corredor”, foram levados em conta dados como densidade populacional, PIB per capita, declividade do terreno, densidade hidrográfica e rodovias e outras ferrovias já existentes na região, além de existência de terras indígenas e área de influência. Outros parâmetros de avaliação foram o custo total de implantação, volume de carga transportada e custo da eficiência da operação.
No trecho paranaense, o que mais pesou para a proposição do traçado foi o cenário mercadológico, priorizando-se a demanda de cargas, principal justificativa para a construção de uma via em infraestrutura ferroviária. Já entre Chapecó e Rio Grande, foi mais preponderante o cenário físico, por conta das condições geográficas bastante complicadas no estado do Rio Grande do Sul.
O traçado apresentado, no entanto, ainda é apenas referencial, segundo o diretor-presidente da Valec. “Muita gente vai questionar o traçado, mas o que estamos buscando para que essa ferrovia se concretize é ela se tornar viável. Não estamos olhando para um município ou outro, mas buscando o que mais agrega ao traçado para que ela seja viável”, explicou Mário Rodrigues Júnior. “O próximo passo é o desenvolvimento do projeto básico e aí sim vai se definir traçado, custo efetivo, estudos de ramais, de centros de distribuição de logística, de integração com outros modais. No desenvolvimento do projeto estaremos muito mais aptos para dizer qual é o traçado ideal”, completou.
Durante a reunião na Fiep, o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, falando em nome de uma frente de chefes do Executivo e empresários de vários municípios, fez um apelo para que a ferrovia passe pela região. “A região de Londrina e Apucarana está dentro da área de maior viabilidade apontada pelo estudo da Valec. Por isso trazemos essa reivindicação, que é sincera, tem o apoio de toda a população e vai abrir uma grande janela de oportunidades para os empresários”, disse o prefeito.
Fonte: Agência FIEP
