As medidas implantadas pelo governo do estado para aumentar a receita corrente líquida, com cortes de gastos e aumento de impostos, deram resultado, mas apenas em curto prazo. É o que afirma o assessor econômico da Faciap, Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, e também professor da FGV-RJ, Arthur Schuler da Igreja. “O governo conseguiu algum equilíbrio com as medidas, mas se pensarmos no futuro do estado, estamos bastante limitados”, afirma Arthur da Igreja.
Segundo dados da Secretaria Estadual da Fazenda, no primeiro quadrimestre de 2016, o Paraná foi o estado que apresentou o maior crescimento de receita. A variação foi de 15,4%, frente a uma média nacional de -5%, já descontada a inflação do período. Uma das medidas foi a antecipação do IPVA. Em 2016, a cobrança do imposto foi feita já a partir de janeiro, o que explica o crescimento expressivo de 60% das receitas no período.
Mas para o assessor econômico da Faciap, apesar de a expansão fiscal realizada pelo governo ter sido coerente, olhar o quadro positivo é apenas uma fotografia do momento. “O impacto da antecipação do IPVA não é tão significativo perto do todo. Ao longo do ano, a tendência é que a coisas piorem já que o recebimento do IPVA se concentra no início do ano. Temos que ter cuidado para não nos enganarmos com esse número positivo”, diz ele.
Em relação aos investimentos, Arthur Schuler da Igreja compara o recurso disponível com gastos com pessoal. Enquanto o governo estadual trabalha para cumprir a meta de investimentos recordes do Executivo de R$ 3,7 bilhões em 2016, acumula despesas altíssimas com pessoal e encargos sociais. O custo é pelo menos quinze vezes maior do que o valor disponível para investir. “Quando comemoramos alguma expansão de investimentos, precisamos lembrar que o governo já começa o orçamento gastando vinte vezes mais em pessoal do que a capacidade de investir. E lembrando que, genuinamente, investimento é o que traz resultado de longo prazo”, diz ele. “Sim, o investimento começa a mostrar algum sinal positivo, porém ainda é muito tímido frente ao que seria necessário”.
Para ele, o grande desafio é a redução da máquina já que não há mais espaço para aumento de receita, especialmente receita tributária, que é a maior parcela das receitas estaduais. “A população já está estrangulada de impostos. Não há como aumentar impostos. E o gastos, especialmente com folha, são enormes. A Secretaria tem que fazer discussões mais duras”, afirma Arthur da Igreja. “O governo conseguiu equilibrar as contas do curtíssimo prazo, mas não a ponto de garantir um Paraná melhor para o amanhã”.