Associativismo, investimento em inovação e posicionamento diante das decisões da esfera pública. Estas foram algumas das soluções para aumentar a competitividade dos pequenos negócios, apontadas na abertura do Encontro das Micro e Pequenas Indústrias, promovido pela Fiep, Faciap, Sebrae/PR e Fampepar. O tema foi discutido durante o Talk Show de Autoridades, que teve a participação do presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo; do secretário de Estado do Planejamento, Silvio Barros; e do gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Bruno Quick, com a mediação do jornalista da Globo News Dony De Nuccio.
Com um público de cerca de 700 pessoas, os convidados contextualizaram o momento de crise econômica no Brasil, destacando o papel das micro e pequenas indústrias como geradoras de empregos. “O segmento de micro e pequenas indústrias foi o que mais empregou nos 3 primeiros meses deste ano”, lembrou Bruno Quick, complementado por Edson Campagnolo, que destacou o espírito destemido de quem resolve ter seu próprio negócio. “O empreendedor tem essência de guerreiro e suas principais armas para driblar os problemas são a inovação e o cooperativismo. Em momentos como esse, em que enfrentamos alta carga tributária, leis trabalhistas complexas e cenário econômico desfavorável, precisamos nos unir e trocar experiências”, disse Campagnolo.
Silvio Barros destacou a importância da cultura do planejamento a longo prazo, sobretudo na gestão pública, que tem suas prioridades e planos alterados a cada troca de governo. “Como servidores da comunidade, os gestores públicos precisam executar aquilo que é necessário para o desenvolvimento da cidade ou do Estado. Mas é o setor privado que sabe o que precisa ser feito. Essa parceira é fundamental para que haja crescimento. A indústria aponta caminhos e soluções e o governo executa. É assim que funciona. É nessa forma de atuação que acredito”, pontuou.
Para Campagnolo, a fórmula apontada por Barros é a ideal, mas está longe de ser a realidade no Brasil. “Nossos representantes – deputados e integrantes do governo – precisam ser cobrados de seus compromissos. Há inúmeros temas que impactam diretamente na indústria sendo analisados neste momento na esfera pública, mas ainda há pouca manifestação e posicionamento do setor produtivo. Temos que fazer contato com estes parlamentares ou cobrá-los publicamente. Precisamos lembrá-los que algumas medidas podem inviabilizar inúmeros negócios e que sem a força das micro e pequenas empresas, há menos empregos e menos desenvolvimento para o Estado. Precisamos nos posicionar”, pediu. Quick também criticou a atuação da administração pública quanto a prazos. “Alguém ouviu falar em prazos para o Estado emitir pareceres? Enquanto as empresas têm prazos para todos os seus processos, o setor público caminha a seu tempo. Isso nos torna muito pouco competitivos em relação a outros países. Precisamos melhorar esse desempenho”, avaliou o representante do Sebrae.
Sobre inovação, Silvio Barros pediu apoio das lideranças locais na identificação de vocações e diferenciais. “Não existe ecossistema de inovação bem sucedido sem apoio do governo. E, mais uma vez, destaco a importância da parceria com a sociedade civil organizada. Quando uma instituição como o Sistema Fiep mobiliza lideranças em todo o Estado para identificar os perfis portadores de futuro de cada região, como foi feito recentemente, temos um caminho a seguir”, disse.
Campagnolo destacou o quanto uma ação combinada de crédito e inovação impacta positivamente uma indústria. “O sistema de woodframe, que industrializa o processo de construção civil com menos perdas e gastos, já foi popularizado e deixou de ser privilégio de quem tem grandes orçamentos. Hoje, o procedimento pode ser adotado em construções do programa Minha Casa, Minha Vida porque recebeu apoio do edital Senai de Inovação. Este é, para mim, um dos bons exemplos que reúnem crédito, inovação e cooperativismo com um resultado surpreendente.”
No Paraná, as micro e pequenas indústrias representam 97% do total das indústrias de transformação e respondem por 304 mil postos de trabalhos – 44,3% do total de empregos.
Fonte: Agência FIEP de Notícias